2022
Nossa Senhora de Fátima: mensageira da Paz e Salvação
Nesta sexta-feira, dia 13, iremos celebrar 105 anos da primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima aos 3 pastorinhos. Vale lembrar que Jesus é a plena revelação, nada mais pode ser acrescentado. Mas, por sua infinita misericórdia, Deus permite que Nossa Senhora oriente seus filhos para o caminho do céu.
“Não tenhais medo, não vos faço mal. Sou do céu.”
Com estas palavras iniciais, Nossa Senhora interfere na história humana para, em um ambiente de guerra, trazer mensagens de Paz e salvação. Já em sua saudação, repete o que seu Filho tantas vezes repetiu de forma insistente: “Não tenhais medo” (Mt 14, 27).
De todas as aparições, está foi a que Maria mais falou e aconselhou, além de ser a aparição que mais se tem registros e escritos, isto devido também ao fato de ser recente, em 1917, e pelo fato de ter os desígnios de Deus, permitido que Lúcia vivesse tantos anos entre nós. Sua morte aconteceu no dia 13 de fevereiro de 2005, como idosa monja Carmelita enclausurada.
Em Fátima, Portugal, Maria falou do céu e do inferno como uma realidade indiscutível. Jesus já havia falado “Eu voltarei para o Pai e vos prepararei um lugar” (Jo 14, 2-3). Fala do céu à Jacinta como um sim e à Francisco como condição de seu muito rezar o terço. À Lucia, garante o céu após muitas tribulações. Fala do inferno numa prece que brota de seus próprios lábios e coração materno.
Quando hoje para muitos o céu e o inferno são tidos como uma fantasia, fruto de discursos inflamados de pregadores alienados, somos instigados por Maria, na aparição em Fátima, a buscar o céu como uma realidade dos bem-aventurados e a romper com todo e qualquer pacto com o Inimigo de Deus.
Em Fátima, Maria fala de Paz, em particular o fim da 1ª Guerra Mundial. Mas, em um contexto atual, exorta que os conflitos e verdadeiras guerrilhas rurais, urbanas, familiares e pessoais serão pacificadas quando no coração humano pulsar os sentimentos do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria.
Nossa Senhora de Fátima prenunciou a queda dos muros que dividiam nações e nos apresenta um desafio continuo para um empenho pessoal de construir pontes em situações de abismos.
Na última aparição em Fátima, Nossa Senhora traz o Menino Jesus e, quando se despede, insiste veementemente na recitação do terço.
O sol estremece mediante as bênçãos que são derramadas sobre o mundo por intercessão de Maria, pelo próprio Jesus Cristo Senhor Nosso.
Fico a refletir que se até o sol (astro maior) se abala diante das bênçãos de Deus, quanto mais nossas frágeis vidas e nosso mísero coração.
Nesta aparição, há algo muito importante a ser destacado: Maria não só insistiu na necessidade de rezar, mas também ensinou uma oração que posteriormente foi incorporada na recitação do terço. Disse Maria, em Fátima:
“Quereis aprender uma oração? Quando rezais o terço, dizei em cada mistério: Oh! Meu Jesus, perdoai-nos, Livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Amém!”
Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós.
2022
A compaixão é uma atitude tão profundamente humana quanto divina
Em tempos difíceis, como os que vivemos nos últimos anos, o amor e cuidado com o próximo devem ser intensificados. E o “próximo” não somos nós que escolhemos, é a vida que nos interpõe. Ninguém pode escolher seu “próximo”, é o momento que nos traz. Podemos estar saindo para comprar pão e o “próximo” estar ali, entre a casa e a panificadora.
Foi o próprio Jesus quem nos ensinou isso na Parábola do Bom Samaritano (Lc 10,30-37). O próximo se coloca em nossa vida como se colocou na vida do sacerdote que virou as costas e foi embora, na vida do levita que também passou e não se tocou até que chega o Bom Samaritano.
Quando Jesus conta a Parábola, está falando que nós somos chamados a sermos hoje Bons Samaritanos. Fico pensando naquele homem, que apanhou dos ladrões e foi deixado, quase morto, e Jesus diz que o samaritano o levou para a hospedaria. Jesus é o Bom Samaritano, é aquele que é capaz de passar pelos caminhos e acolher aqueles que estão precisando de misericórdia. Ele os leva para a hospedaria, que é seu coração. Conforta-me pensar que Jesus age dessa forma, recolhendo aqueles que caíram e se perderam, porque se não nos cuidarmos, nos perdemos.
Por isso, quanto mais pudermos, sejamos misericordiosos. Perdoemos mais. Se alguém nos fez alguma ofensa, perdoemos. Isso conta pontos no céu e Deus agirá dessa forma conosco. Sempre fique com essa imagem: “Eu quero ser o Bom Samaritano”.
Jesus viu a humanidade caída e compadeceu-se. Ele viu que o ser humano foi assaltado, roubaram das pessoas a esperança, tiraram das pessoas a fé. Os acontecimentos da vida minam, tiram, esfacelam a imagem de Deus em nós e deixam-nos machucados e desfalecidos à beira do caminho. Mas, podemos contar com a misericórdia divina, pois Jesus se tornou um de nós. Ele desceu até nós e se encheu de compaixão.
Ele levantou o gênero humano, assumindo nossas culpas e levando consigo nossas dores. Ele nos tomou nos braços, derramou seu sangue para nos lavar do pecado e nos ofereceu o óleo de seu Espírito. Nos carregou e levou à hospedaria da casa do Pai, que é a Igreja. Jesus já pagou as despesas na cruz, deu tudo o que tinha. Entregou as duas moedas de prata, o sangue e a água que saíram de Seu Coração transpassado e disse: Eu voltarei e tudo que a Igreja faz e tudo o que também nós fizermos a mais para aqueles que estão caídos Ele restituirá em graças.
Tenho observado como as pessoas realmente estão machucadas, como estão precisando que ajamos como o bom samaritano. Há muitos feridos em nosso caminho e não podemos passar por eles e desviar. Às vezes, nós somos miseráveis também na ajuda ao próximo, o que a nossa direita faz a nossa esquerda já cobrou faz tempo ou nossa língua fica contando para todo mundo e vai se inflando nosso ego.
Se hoje somos o Bom Samaritano para alguém, amanhã corremos o risco de necessitarmos de alguém para nos acudir, pois podemos estar caídos pelas frustrações e lambadas que levamos da vida. Ninguém está imune a isso. Vamos ser sinceros, somos cobrados a cada instante. É uma cobrança atrás da outra e se não nos cuidarmos, dormimos angustiados e acordamos preocupados, porque a vida é assim.
Jesus nos ensina que a compaixão é uma atitude tão profundamente humana quanto divina. Por isso, deixemo-nos amar pelo Bom Samaritano e amemos nosso próximo como Bom Samaritano.
2021
A mensagem de Deus
Filhos e Filhas,
Todos os meses e todos os dias do ano deveriam ser Dia da Bíblia. Ela é a nossa Cartilha de Oração. A Palavra de Deus é lâmpada para nossos pés e luz para nossos caminhos (cf. Sl 119, 105). Mas, o mês de setembro é dedicado a Bíblia, por celebrarmos São Jerônimo, o grande biblista que a traduziu dos originais em hebraico e grego para o latim.
Mais do que ser um livro histórico, a Bíblia é portadora da mensagem de Deus. É por excelência um livro de anúncio, de revelação do amor de Deus. Escrita por mãos humanas, contudo, seus autores contaram com a intervenção do Espírito Santo, que inspirou sua redação dando-lhes a capacidade de registrar aquilo que era a vontade de Deus. Portanto, são textos escritos por mãos humanas que trazem a verdade de Deus.
A Palavra de Deus não é uma letra morta. É viva. Por isso, a cada tempo traz um novo significado, embora o conteúdo seja o mesmo, como diz São Paulo: “Tudo o que se escreveu no passado foi para o nosso ensinamento que foi escrito, afim de que, pela perseverança e consolação, que nos dão as Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15,4). É Deus falando aos homens, na linguagem dos homens.
A Bíblia é dividida em duas partes: Antigo Testamento e Novo Testamento. É formada por 73 livros, dos quais 46 pertencem ao conjunto de livros do Antigo Testamento e 27 ao do Novo Testamento.
Para manusear a Bíblia devemos saber o que são capítulos e versículos, estrutura que nos auxilia na localização das leituras. Os primeiros são as divisões que encontramos num mesmo livro da Bíblia, identificados por um algarismo grande. Os versículos são as divisões dentro dos capítulos e correspondem aos algarismos pequenos, dispostos no corpo dos textos bíblicos.
A Bíblia também possuiu uma forma abreviada para o nome de cada livro e uma pontuação que permite manuseá-la com maior facilidade:
A vírgula, por exemplo, serve para separar o capítulo do versículo: Jo 3, 16 (Evangelho de João, capítulo 3, versículo 16).
O hífen indica a abrangência de um versículo até o outro: IIRs 5, 9-19 (Segundo Livro dos Reis, capítulo 5, versículos de 9 até 19).
O ponto serve para mostrar que os versículos são alternados: Rm 5, 12.17.19 (Carta aos Romanos, capítulo 5, versículo 12, versículo 17 e versículo 19).
A letra “s” significa seguinte, indicando que o texto continua no versículo seguinte: 1Pd 2, 2-5.9s (Primeira Carta de São Pedro, capítulo 2, versículos de 2 até 5, versículo 9 e 10).
Por último, a presença de dois “ss” mostra que a continuação do texto prossegue nos dois versículos seguintes: Jr 31, 31ss (Livro do Profeta Jeremias, capítulo 31, versículos 31, 32 e 33).
Vale lembrar que a leitura da Bíblia tem que ser meditada e entendida, por isso escolha um momento propício, iniciando com uma oração:
“Meu Senhor e meu Pai!
Envia Teu Santo Espírito para que eu compreenda e acolha Tua Santa Palavra!
Que eu Te conheça e Te faça conhecer, Te ame e Te faça amar, Te sirva e Te faça servir, Te louve e Te faça ser louvado por todas as criaturas.
Faz, oh Pai, que, pela leitura da Palavra, os pecadores se convertam, os justos perseverem na Graça e todos consigamos a vida eterna.
Amém.”
À medida que lemos a Bíblia e meditamos, oramos e nos comprometemos em adotar seus ensinamentos em nossa vida, o fermento ‘leveda a massa’ em nós e isso vai nos transformando. Conforme explica a Segunda Carta a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (2Tm 3, 16).
Essa é a importância de difundirmos esse hábito em família, para que todos cresçam na vivência dos valores humanos e cristãos. A Palavra vem de Deus, desce ao coração e produz mudança. Portanto, a Palavra de Deus é um movimento ativo, transformador, renovador e santificador.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
2021
Quando pensamos em procurá-lo, Jesus já nos encontrou
Seguir Jesus requer autenticidade e fidelidade, pois a Ele ninguém engana. Ele conhece os nossos pensamentos e sentimentos. Quando pensamos em procurá-Lo, Ele já nos encontrou. Foi assim com Santo Agostinho, que exclamou “Tarde te amei”, ele mesmo foi fruto da oração de sua mãe, Santa Mônica. E celebraremos estes dois santos nos próximos dias.
Foi o que aconteceu com Natanael, São Bartolomeu, outro santo de agosto (24). Jesus viu Natanael aproximar-se e comentou: “Eis aí um israelita verdadeiro, sem falsidade”. Aquele que a princípio se mostrou incrédulo e até um pouco malcriado ao dizer: “De Nazaré pode sair coisa boa?” (Jo 1,46), fruto da experiência do encontro proclama com fé: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!” e torna-se um dos doze apóstolos de Jesus.
Como já disse, quem faz em sua vida a experiência do encontro de amor com Jesus, não consegue retê-lo, sente necessidade de apresentá-Lo a outros, como fez Filipe. Papa Francisco em sua Exortação Apostólica EvangeliiGaudium – Alegria do Evangelho, diz a este respeito:
“O bem tende sempre a comunicar-se. Toda a experiência autêntica de verdade e de beleza procura, por si mesma, a sua expansão; e qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros”.
E o Papa tem falado muito de uma Igreja de saída, que vai até o povo. Diz ele: “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual do que à autopreservação”. Ele prefere uma Igreja machucada, ferida por ter ido ao povo, do que uma Igreja santinha, fechada em si mesma.
Todo o servir por amor a Jesus faz a diferença. Às vezes, nos cansamos, a coisa fica mecânica e não aguentamos. Tudo se torna enfadonho porque entendemos nossa vida em Deus como uma obrigação e a obrigatoriedade não é fruto do amor.
Só encontramos nossa felicidade, nossa vida plena em Jesus Cristo, não adianta buscar em outro lugar ou pessoa. Santo Agostinho compreendeu isto e lamentava: “Tarde Te amei… Eu poderia ter encontrado esta felicidade antes”.
Podemos encontrar Jesus e não ser mais um serviçal, ser como Ele mesmo nos chamou, “amigos”. Ninguém é servo de Jesus. Somos amigos e foi Ele quem nos autorizou e confirmou esta amizade (cf. Jo 15,15). Essa experiência pessoal com Jesus é fundamental, é essa experiência que traz a alegria de Deus.
Voltando a Natanael: “Eu te vi embaixo da figueira”, isso é lindo demais, esse olhar de Jesus, que é profundo. Basta esse olhar para transformar corações. Como Natanael, podemos nos perguntar: De onde Jesus me conhece? A resposta de Jesus certamente será: “Eu te vejo, eu te conheço antes que você me conhecesse, eu te encontrei antes mesmo de você me encontrar, eu te amei antes de você me amar!”
Você já foi olhado por Jesus? Ou melhor, você já olhou nos olhos de Jesus quando está diante do Santíssimo? Isso é de um valor incomensurável, se ajoelhar em frente do Sacrário e fazer como Santa Teresinha de Lisieux, “Jesus, tua menina chegou, tua menina está aqui”. Não precisa nem rezar, somente se colocar sob o olhar de Jesus. Se sentir vontade de chorar, chore. Se sentir vontade de cantar, cante. Se não sentir vontade de fazer nada, não faça. Apenas saber que está sob o olhar de Jesus basta.
Jesus nos olha com amor (cf. Mc 10,21). Você já sentiu esse olhar de Jesus que diz: “Eu te amo!”? Esse olhar de Jesus muda toda a nossa vida e nos leva a uma experiência de amor tão grande que nos faz nos apaixonar por Ele a ponto de afirmar: “Jesus é meu amado, é a razão da minha vida!”
Natanael, Mônica e Agostinho encontraram isso. Nós também podemos encontrar.
Deus abençoe;
Padre Reginaldo Manzotti
2021
A Vocação da Paternidade
Filhos e filhas,
Neste mês de agosto, mês vocacional, começo esclarecendo que todas as vocações são importantes e essenciais. Mas nesta mensagem, pela proximidade do Dia dos Pais, quero enfatizar a paternidade. A família é chamada por Deus a ser testemunha do amor e fraternidade, colaboradora da obra da Criação. Seu papel é fundamental na formação dos filhos, já que aos pais é dada a responsabilidade de formar pessoas conscientes e cristãs. Eles são representantes legítimos de Deus perante os filhos, que devem ser conduzidos nos valores do Evangelho.
Começo ressaltando que a paternidade é muito mais do que simplesmente transmitir material genético na geração de outro indivíduo. Trata-se de um dom que o pai é convocado a viver, no seio da família. Isto é uma vocação e um chamado de Deus, é colaborar com o Seu plano da criação. Por isto, no segundo domingo do mês de agosto, mês das vocações, celebramos o dia dos pais e iniciamos a Semana Nacional da Família.
E, que honra cabe aos pais serem chamados com o substantivo que Jesus nos ensinou a chamar Deus, Abá, Pai, Paizinho. Mas também que responsabilidade serem para seus filhos a primeira imagem que eles farão de Deus. A figura do pai é tão importante no contexto familiar que Deus desejou que seu Filho Jesus vindo ao mundo, tivesse um. José foi o escolhido para assumir a paternidade do menino Deus.
É difícil ser um verdadeiro pai num mundo de tantos contra valores, em que o amor acaba sendo medido pelos bens materiais. Por isto, tenho falado com muita insistência, os filhos precisam do conforto que os pais podem proporcionar. Mas precisam também, e muito, de carinho, afeto, amor, companheirismo, bom exemplo, correção e castigo, se merecido, como nos diz o Livro do Eclesiástico:
“Aquele que ama o seu filho, castiga-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde! Aquele que dá ensinamentos a seu filho será louvado por causa dele. E nele mesmo se gloriará entre os seus amigos! Aquele que educa o filho torna o seu inimigo invejoso e entre seus amigos será honrado por causa dele. O pai morre e é como se não morresse, pois deixa depois de si um seu semelhante. Durante a sua vida viu o seu filho e nele se alegrou; quando morrer não ficará aflito. Não tem do que se envergonhar perante seus adversários. Pois deixou em sua casa um defensor contra os inimigos. Alguém que manifestará gratidão aos seus amigos. Aquele que estraga seus filhos com mimos terá que lhes pensar as feridas”. (Eclo 30,1-7).
O Papa Francisco refletindo sobre a paternidade, ressaltou:
“A ausência da figura paterna na vida das crianças e dos jovens pode causar lacunas e feridas muito graves. Com efeito os desvios das crianças e dos adolescentes em grande parte podem estar relacionados com a carência de exemplos e de guias respeitáveis na sua vida de todos os dias, com a falta de proximidade, com a carência de amor por parte dos pais”.
Se, por um lado, o Papa chamou atenção para os efeitos maléficos da ausência da paternidade, por outro indicou o quanto é essencial, bela, insubstituível a presença do pais na formação dos filhos. Ou seja, da família.
Que Deus, por intercessão de São José, proteja e fortaleça todos os pais.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
2021
Três brechas por onde o Inimigo pode entrar em nosso coração
Filhos e filhas,
A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão meu guia. Retira-te satanás!
Nunca me aconselhes coisas vãs. É mau o que tu me ofereces, bebe tu mesmo o teu veneno!
Começo esta mensagem com a oração de São Bento, devido sua festa litúrgica, que acontece no dia 11 de julho. São Bento foi um homem que lutou bravamente contra o mal. Ele é o fundador da ordem dos beneditinos que tem como lema “Ora et Labora“, ou seja, “Reza e Trabalha“. São Gregório, no livro dos Diálogos, descreve São Bento como um homem que recebeu o dom da sabedoria desde sua mais tenra idade e insiste sobre um carisma que era peculiar a Bento: o discernimento dos espíritos.
Durante sua vida, utilizando-se de seu dom do discernimento, São Bento encontrou três brechas por onde o Inimigo pode entrar em nosso coração, lugares de maior fragilidade humana e espiritual. É nestas brechas que precisamos de mais vigilância. Como uma casa assolada por goteiras, à primeira vista não são encontradas rachaduras, mas basta uma chuvinha para que o inconveniente se manifeste.
Primeira brecha: A COBIÇA
É a idolatria das coisas. Por exemplo, fazer do dinheiro um deus. É o apego às coisas da terra. São Bento coloca como símbolo desta brecha o porco, pois seu focinho está sempre ligado ao chão. Nesta brecha a luta acontece na reorientação dos desejos. É preciso conquistar uma atitude de oblação, de generosidade e desapego.
Segunda brecha: A VAIDADE
É a idolatria do outro como objeto de prazer. É a necessidade de ser reconhecido e amado distorcida, pois esquece da relação de fraternidade com o próximo e pensa apenas em si mesmo. É fazer tudo só pelo interesse de ocupar o primeiro lugar, ser bem visto pelos outros, elogiado, ter status, ser admirado. Aqui São Bento usa o símbolo do Pavão. É preciso reorientar esta necessidade natural e boa de ser reconhecido e amado. É dizer com sua vida e todo o seu coração: “Senhor, vosso é o Reino, o Poder e a Glória”. Se na primeira brecha, a atitude de desapego era uma garantia de vitória, nesta segunda brecha é necessário perseguir a atitude da solidariedade, do diálogo, da comunhão com Deus e com próximo. Para isso, é fundamental a mansidão e a simplicidade.
Terceira brecha: O ORGULHO
É querer dominar tudo para si. Ser um verdadeiro deus. É a idolatria de “si mesmo”. Aqui São Bento ilustra com o símbolo da águia. O orgulho é a origem de todos os pecados. É pelo orgulho que o homem se separa de Deus e procura sua independência. É necessário perseguir a virtude da humildade. Na luta espiritual, às vezes Deus nos dá a graça da humilhação como uma espécie de exercício para crescermos na humildade e vencermos a brecha do orgulho.
As lições de São Bento são muito atuais, uma vez que somos tentados todos os dias. Muitos se deixam levar por uma falsa neutralidade, acreditando ser possível “manter-se em cima do muro”, mas a verdade é que ou estamos trabalhando para o Reino de Deus, ou estamos a serviço do reino de Satanás. Que São Bento nos ajude nesse combate contra o mal.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti
2021
Maria é quem nos ensina a viver e a sofrer
Encontramos, na Bíblia, pouquíssimas palavras pronunciadas por Maria. Também seu nome não é citado muitas vezes. Maria é chamada de “Bendita e Mãe do Senhor por Isabel” (Lc 1, 42), “Serva do Senhor” como ela própria se definiu (Lc 1, 38.48); “Bem-aventurada” como profetizou que as gerações a chamariam. Mas, o seu nome: “Maria”, é citado por Mateus cinco vezes (Mt 1, 15. 18.20; 2, 11; 13, 55). Marcos cita apenas uma vez (Mc 6, 3). Lucas cita doze vezes no Evangelho (Lc 1, 27.30.34.38.39.41.46.56; 2, 5. 16.19.34); e uma vez nos Atos dos Apóstolos (At 1, 14). João refere-se a ela como a “Mãe de Jesus” ou “sua Mãe”, sem mencionar seu nome uma única vez. Mas, seja citada pelo nome, ou referida como já destacamos acima, ou ainda: “Mulher” como o próprio Jesus se referiu a ela, constatamos amplamente a presença silenciosa de Maria em todas os acontecimentos importantes, especialmente da vida de seu filho Jesus Cristo. Desde o momento da anunciação até o nascimento da Igreja.
Então, como alguém pode não compreender o papel de Maria na obra da salvação, se o evangelho nos deixa tão claro: em virtude da encarnação, do verbo se fazer carne, de Deus visitar a humanidade, de Deus se fazer uma criança, Maria se torna a arca. O útero de Maria se torna o primeiro tabernáculo. A obra da redenção teve inicio no útero de Maria.É o útero da humanidade, é o útero que representa o anseio de toda uma humanidade sedenta do Verbo Eterno do Pai.
Deus encarnado fez sua primeira moradia no ventre de uma mulher, Maria, que aceitando ao convite da graça e dizendo o “sim”, se torna um modelo de quem faz a vontade do Pai.
O Anjo a saúda: “Ave cheia de graça” (Lc 1, 28). Quando foi que um anjo disse a um ser humano, tamanha e tão grande saudação? Mas, a ela o anjo se pronunciou: cheia da graça de Deus, e, cheia da graça em Deus. Por isso, Maria, se é aos olhos de Deus mimosa, se é aos olhos de Deus exaltada a tal ponto de Ele ter mandado como intermediário, um dos Arcanjos, o próprio Gabriel vir a ela, é a ela, à cheia de graça que devemos recorrer, para pedir: Mãe, valha-nos com seus privilégios, valha-nos com a sua intercessão. Roga a Deus, e junto a Deus tenha um olhar especial por nós, teus filhos que caminham nesta peregrinação.
Na cruz. Maria é cheia de graça, Maria é plena do espírito. Contemplar Nossa Senhora, como a Virgem das Dores, a chamada Pieta – a Virgem da Piedade -, e tentar perscrutar e se colocar no lugar de Maria, e deixar se envolver por esse caminho doloroso de Maria esse caminho de resignação.
Se sofre o filho, sofre a mãe. Se o filho padece, a mãe padece. Não é assim com todas as mães? Todos sabem que basta uma gripe do filho, e a mãe se desmancha em preocupações e cuidados.
Nossa Senhora era mãe, se coloquem no lugar dela, de ver um jovem, um rapagão de 33 anos, sofrer o que Jesus sofreu, morrer da forma que Jesus morreu.
Jesus traído, negado, abandonado pelos próprios apóstolos. Alguem já parou para pensar na proximidade que Nossa Senhora tinha com os apóstolos. Quando Ele foi traído, magoada também ela foi. Se Jesus andou três anos com os apóstolos, aqui, acolá Maria é mencionada. Ela também fazia parte dessa convivência, ela também deve ter sofrido quando Judas vendeu por 30 moedas, seu filho. O perfume de nardo puro com que em Betânia, Maria, irmã de Lazaro ungiu os pés de Jesus, custava 300 moedas (Jo 12, 5), e Nossa Senhora teve que conviver com a traição de Judas por 30 moedas de prata.
Se cumpre o que Simeão profetizou, que uma espada transpassaria a sua alma.
Judas estava tão perto, mas tão perto que ele molhou o pão no prato de Jesus (Mt 26, 23), significa que Judas era de confiança. Tanto era da confiança que Jesus delegou a ele cuidar da sacola das economias do grupo.
Que apunhalada, e Maria presenciou tudo isto.
Maria que nos ensina a viver e Maria que nos ensina a sofrer. Então, como Maria experimentou? Maria, experimentou a dor, primeiro na fé, e fez a diferença, porque se não fosse a fé e a esperança, Maria teria se desesperado. Maria teria outra atitude e não a de que ficar em pé, aos pés da cruz (Jo 19, 25).
É essa presença silenciosa na hora da dor, que Maria nos dá como exemplo. Às vezes, nos deparamos com pessoas que estão sofrendo, muito doentes e pelas quais já não podemos fazer nada, e não encontramos palavras que vão confortar , mas a nossa presença, silenciosa já é uma ajuda, a pessoa sabendo que você esta ali, mesmo que não consiga verbalizar essa presença, já é uma ajuda.
Maria entendeu isso. Na cruz, Maria não disse uma palavra, nada! Podemos ver nos quatro Evangelhos, Jesus falou, Maria não disse nada, ficou quieta, de pé, mas não precisa estar escrito para sabermos que seu coração dizia: “Estou aqui Filho, estou do Teu lado.”
Maria nos ensina a perseverar, a manter-se firme no sofrimento, e às vezes nós viramos as costas. É mais fácil fugir, ou como a gente diz, dá vontade de dormir hoje, e acordar daqui a um ano quando tudo passar.
Maria teve que conviver com Pedro, que chegou a dizer a Jesus: “Eu darei minha vida por Ti, Mestre (Jo 13, 37), e com certeza Maria soube que Pedro o negou por três vezes, dizendo: Eu não o conheço (Jo 18, 17. 25. 27).
Que espada que transpassou o peito de Maria! Mas, ela nos ensina a superar a traição, porque bastou o Filho morrer, bastou ela ter pego seu corpo e colocado no sepulcro ela voltou para rezar com os apóstolos ela voltou para aqueles que abandonaram seu filho.
Ela teve a fé e a coragem de olhar nos olhos de Pedro: se meu filho te perdoou, na cruz, eu também te perdôo.
Muitos estranham que após a ressurreição, Jesus apareceu a Maria Madalena e a outras mulheres (Mc. 16,9; Lc. 24, 9-11), esteve com os discípulos come com eles demonstrando que está vivo e não é um fantasma (Lc. 24,37-43), atravessa a porta demonstrando que não é matéria. Deixa-se tocar, em suas chagas por Tomé (Jo 20, 26-27). E, a Maria, sua mãe, não há relatos de ter aparecido. Seria Jesus um filho relapso? Não, o fato é que Jesus apareceu para os que tinham duvidas, os incrédulos. Maria, sua mãe nunca duvidou. Ela que acolheu e soube aceitar a vontade do Senhor, na encarnação, mesmo sem entender. Ela que guardou tudo em seu coração (Lc 2. 51),nunca teve necessidade de provas para acreditar na ressurreição. Ela confiou nas promessas de Deus, ela sabia, ela sentia que seu Filho estava vivo.
Com certeza Jesus esteve com sua mãe após a ressurreição, mas não para provar nada.
E, Maria segue na convivência com os apóstolos que na crucificação abandonaram seu Filho. Com Pedro a quem perdoou, e com eles rezava, na primeira novena que se tem registro. Nove dias de oração no cenáculo, até o Espírito Santo descer sobre eles. Com o nascimento da Igreja, começa efetivamente a missão de Maria, confiada por Jesus aos pés da cruz: “Filho, Eis aí tua mãe. Mãe Eis ai teu filho” (Jo. 19, 25-27). Ela é a Mãe da Igreja e a mãe que intercede por nós.
Não há um momento da minha vida que eu não consiga enxergar Nossa Senhora me protegendo e amparando. E, não consigo compreender como em alguns momentos alguém pode duvidar da intercessão de Nossa Senhora. Nós temos uma mãe não somos órfãos, e, se uma mãe aqui da terra tira da boca para dar a seus filhos, imaginem Nossa Senhora que é toda santa, pura, imaculada e repleta de amor.
Se Maria, foi exaltada por Deus, claro que em vista dos méritos de Jesus. Se Deus a escolheu, enviou um anjo, a proclamou a cheia de graça. Se Deus fez dela a arca de toda a humanidade, então, que ninguém tenha receio de recorrer a ela, de venerá-la, de exaltá-la e proclamá-la bendita entre todas as mulheres.
2021
A mensagem de Nossa Senhora de Fátima
No mês de maio celebramos Maria e gostaria de abordar as aparições de Nossa Senhora de Fátima. A primeira ocorreu em maio de 1917 para a pastorinha Lúcia dos Santos, de 9 anos, e seus primos, Jacinta e Francisco Marto, de 6 e 8 anos respectivamente. As crianças haviam conduzido ovelhas à Cova da Iria e brincavam, quando um clarão semelhante a um relâmpago iluminou o céu. Houve um segundo clarão e, sobre uma pequena azinheira, viram “uma Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol, emanando luz muito clara e intensa
“Não tenhais medo, não vos faço mal. Sou do céu.” Com essas palavras iniciais, Nossa Senhora interferiu na história humana para, num ambiente de guerra, trazer mensagens de paz e salvação. Já em sua saudação, repetiu o que seu Filho tantas vezes recomendou: “Não tenhais medo” (Mt 14, 27).
Após o primeiro encontro, ao longo do mesmo ano, seguiram-se mais cinco. Na segunda aparição, Maria revelou que logo levaria Jacinta e Francisco, enquanto Lúcia permaneceria como sua porta-voz neste mundo com a missão de ajudar a difundir a devoção ao seu Imaculado Coração.
Entre tantas manifestações, as ocorridas em Fátima, Portugal, foram aquelas nas quais Maria mais falou e aconselhou, sendo também as que dispõem de maior número de registros, em razão da permanência entre nós, durante muitos anos, da pastorinha Lúcia, principal interlocutora de Nossa Senhora. Lúcia viveu como freira carmelita enclausurada e através de seus escritos foi revelando e confiando à Igreja e a sua hierarquia, os chamados “segredos”. A morte da vidente ocorreu em 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos.
A Igreja revelou as duas partes do segredo pouco após a sua entrega. A primeira parte refere-se a “visão do inferno” a segunda sobre “O imaculado coração de Maria”, a destruição das almas pecadoras. Nossa Senhora pediu que todos continuassem rezando pela conversão da Rússia, também comentou sobre a chegada da paz, em particular o fim da Primeira Guerra Mundial, resultando em “algum tempo de paz”.
O “terceiro segredo de Fátima”, permaneceu guardado por muitos anos, o que gerou muito mistério, especulação e medo, até que, a pedido de São João Paulo II, foi revelado em 13 de maio de 2000. Interpretado pelo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé , na época Cardeal Ratzinger, como sendo o terrível atentado sofrido pelo Papa João Paulo II, na Praça de São Pedro, em 13 de maio de 1981 e a mão protetora da Mãe de Fátima que desviou a bala, protegendo o Santo Padre.
Foi em sua terceira aparição que a Virgem pediu para incluir, após cada Mistério do terço, a oração: “Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem”.
Nossa Senhora também prometeu realizar um milagre para que todos cressem e, no dia 13 de outubro, diante de uma multidão de 70 mil pessoas, cumpriu o prometido, fazendo o sol brilhar mais intensamente e aproximar-se da Terra num espetáculo nunca visto de luz e cores, num evento sobrenatural que foi denominado “Milagre do Sol”.
Os três pastorinhos, por sua vez, também enxergaram a Sagrada Família de Nazaré. Ao lado da Virgem Maria, as presenças de São José e do Menino Jesus, que abençoava o mundo.
No conjunto de suas aparições, Nossa Senhora exortou-nos a oração, penitência e a conversão. Numa reflexão extremamente atual, revelou que os conflitos rurais, urbanos, familiares e pessoais somente seriam pacificados quando no coração humano pulsassem os sentimentos do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria.
Somos instigados por Ela a buscar o céu como uma realidade última dos bem-aventurados e a romper com todo e qualquer pacto com o Inimigo de Deus.